lunes, 10 de diciembre de 2012

Entrevista: Galvão Bertazzi

Diles que me esperen un poco,
estamos en medio de una reunion.

¿Quién es? Autor brasileño de la tira Vida Besta, Galvão fue de los primeros brasileiros en incursionar postear sus comics en el internet. Su humor es duro y contundente, con monos simples y estilizados que han agarrado a más de un lector desprevenido. Recientemente fue publicado un libro por la editorial Juarez & Donizete llamado As crônicas bizarras do Absurdyum.

Página(s) Web: Vida Besta.

Entrevista realizada 26 de Noviembre, 2012.

Como origino Vida Besta?
Por volta de 1996 eu já tinha muita coisa presa na gaveta. Quadrinhos, desenhos, ilustrações e etc. Era complicado mostrar isso pra muita gente, a solução era sempre publicar ZINES e espalhar pra conhecidos, shows de rock, universidades, escolas… Mas se a intenção fosse conseguir algo mais profissional, a solução era pegar um ônibus e rumar pra São Paulo ou Rio de Janeiro, com um portifólio  debaixo do braço, batendo na porta das editoras e se apresentando. O Vida Besta surgiu com o primeiro grande "booom" da internet e eu quis aproveitar a idéia de poder mostrar as coisas que eu produzia pro mundo inteiro, sem sair de casa. Montei um primeiro blog gratuito, depois resolvi investir num domínio próprio em 1999, o www.vidabesta.com , que está no ar até hoje. O site já passou por várias transformações, tanto de layout, quanto de conteúdo. Acho que ainda estou aprendendo a torna-lo adequado pra tudo que eu faço. Quadrinhos é uma parte importantíssima da minha vida, mas eu também trabalho com ilustrações, pinturas, tenho projetos musicais, dança de salão, culinária, homeopatia,  manicure, pedicure.

Voce sempre sabia que ia ser quadrinhista?
Acho que sim. Nunca, mas nunca mesmo, me imaginei fazendo outra coisa que não estivesse diretamente relacionado ao desenho e narrativas.  Eu gosto disso, é algo natural pra mim, imaginar bobagens e querer desenha-las, imaginar algum tipo de solução gráfica pra diversas narrativas e idéias diferentes. Eu não quero ficar me alongando muito, dizendo que "desde criança, enquanto a molecada jogava bola, eu ficava desenhando e imaginando monstros de um planeta distante invadindo a Terra e escravizando os seres humanos e…."  , mas era exatamente isso que acontecia. Eu desenhava em casa, na escola, na universidade, na fila do banco, na mesa daquele jantar entediaste e por aí vai. Ainda hoje é assim, a diferença é que agora eu sei mais ou menos pra onde direcionar tudo isso.
1. Mira quien viene ahi: un corrupto! 2. CRRR! 3. Disculpen,
fue solo un pensamiento ilustrado. 4. Buenas tardes! -Buenas!
Voce tive algum emprego maldito que te dio municão pra seu humor obscuro..? O pior chefe que voce teve?
tb utiliza experenças relatadas x amigos, etc?
Ah. Eu já trabalhei em diversas agências, alguns jornais. Tive experiências maravilhosas em alguns lugares e  em alguns outros, catastróficas. O grande problema é a burocracia trabalhista que sempre me sufocou. Horário, sala de trabalho, chefe, ambiente de trabalho vicioso, sempre a mesma ladainha. Há que goste desse tipo de rotina. Não é o meu caso. Eu cumpro meus compromissos mas gosto da liberdade de "deixar pra depois", poder trabalhar mais num dia do que no outro, ou mesmo de tirar uma folga no meio da semana. Na minha cabeça, a palavra "emprego" vem anexada com um monte de adjetivos ruins, enquanto a palavra "trabalho" vem mais enxuta, atrelada à algum tipo produção bacana e não na obrigação diária de seguir um protocolo pré estabelecido ( horário, normas, cubículos, chefes ). Eu tenho sérios problemas com pseudo autoridades, como chefes, gerentes, patrões e isso me rendeu várias tiras, com certeza. Já brinquei com vários chefes malas, pilantras e safados pra quem já trabalhei, alguns deles me odeiam até hoje por isso, mas eu não dou a mínima e eles sabem muito bem que eu tenho razão. Rá Rá!


Que e pra voce a relação entre sufrimento e humor?
Eu não sei. Algumas vezes acho que sou muito propício a me entregar ao sofrimento do que ao humor. Eu não acho que meu trabalho seja uma produção humorística, por exemplo. Eu sei que algumas "gags" são divertidas e tudo mais, mas não é nisso que eu me apoio. Eu acabo sempre explorando algum tipo de desconforto humano, mas eu procuro elevar o tema até o absurdo e isso acaba se tornando engraçado. Acho que as coisas que eu tento retratar nas tiras por exemplo, são bem mais trágicas do que engraçadas, mas o que torna a coisa mais risível é a maneira que meus personagens encaram a realidade. Na verdade os meus personagens são só retratos toscos das pessoas de verdade, como elas agem, como pensam. Faço sempre tentando imaginar o que as pessoas estão pensando e tenho quase certeza que acerto muitas vezes, e isso é uma verdadeira desgraça! É louco demais como as pessoas se indentificam com meus personagens!

1. Mira fijamente la 2a viñeta y olvide todos sus problemas.
2... 3. Listo! Ahora vuelva a sufrir por todos ellos!
O Humor pode se considerar om uma forma de a religão o a filosofia?
Olha… Acho que comer pastel na feira todos os domingos, tomar cerveja no final do expediente, fumar crack debaixo do viaduto, pode acabar se tornando uma religião. Se pensarmos em religião como uma espécie de fuga, não importa o artifício usado, aquilo pode sim, se tornar uma religião. Mas como eu disse na resposta anterior, eu não estou focado no humor. Juro por deus ( amém ) que não acho meu trabalho engraçado ou humorístico.

Se você me perguntar se o meu trabalho como um todo seja uma forma de religião, posso até arriscar responder que "sim", só não sei se essa é a resposta mais adequada.

Enquadrar tudo isso como filosofia, também não seria a resposta ideal. Cursei a faculdade de filosofia por um tempo. Se filosofia for essa coisa massante, acadêmica, burocrática e cheia de regrinhas, que "ensinam"  ( ou adestram )  na universidade - o que acaba sendo a mesmíssima coisa que qualquer outra religião - prefiro manter uma certa distância. Mas como eu disse, eu não sou tão íntimo do humor assim.

Voce acha que tem uma tradicão de huumor particularmente brasileira? Pra voce quem so referentes/mestres e demas?
A palavra "humor" de novo… rá rá rá! 

Eu nunca consigo não citar os caras como o  Angeli, o Laerte e o Glauco. Geniais! Simplesmente taxar o que eles fizeram e fazem só de humor… eu acho limitativo demais. São trabalhos que vão além da risada. Se você pega uma tira do Rafael Sica, sabe? Aquilo é de uma densidade tão absurda que tem horas que eu não sei se devo dar uma risada ou cortar os pulsos. Dá pra citar mais um monte de outros caras, como o Zimbres, O Lafayette, Dhamer, Sieber… Artistas que geralmente são taxados de humoristas. 

Não sei se eles se acham humoristas e eles me perdoem se eu estiver falando bobagens; mas eu como leitor e fã incondicional desses caras, me arrisco a dizer que não. Com estilos diferentes mas com uma forma de olhar o mundo que parece que só um brasileiro, que mora numa cidade caótica qualquer do país consegue ter, passam isso pro página, pra tirinha, pra ilustração de uma maneira tão formosa e o mesmo tempo tão brasileiramente sacana ( sem nenhum tipo ufanismo, por favor ) que é isso! 
1. Estamos completamente viciados en cafeina! -Es verdad!
2. Tal vez si sustituyeramos el cfecito... -por un... 3. Cafezote! - Dame!
O leitor pode sim bater o olho, soltar uma boa e deliciosa risada e passar pra seção de economia e nem lembrar mais do que leu. E quanto a isso, não existe qualquer problema,que fique bem claro! Porém, sempre existe aquele outro leitor que considera a seção de tiras como uma das mais importantes de um periódico. Imaginar que um pedacinho cheio de tinta, que foi "cedido" no meio de tanto anúncio de imóveis e tragédias, possa tirar alguém da realidade por alguns segundos, é massa demais.

Nem sei mais o que eu estou digitando aqui, porque comecei a pesquisar na internet, algumas referências das tiras desses caras que citei acima,  que ganhei horas da minha vida navegando sem parar…. mas é isso. Vamos pra próxima!

Descreve um poco pra nos sua técnica, acha que foi mudando?
Olha, acho que meu estilo sempre muda. Eu naturalmente me canso do que estou fazendo, depois me abasteço de um monte de referências e as coisas mudam. Mas eu sempre desenhei rápido. Cara, eu desenho rápido e com força. Minha mão dói muito depois de horas desenhando. Seja no nanquim e pincel, no lápis de cor, tinta ou tablet. Eu não consigo fazer esboço, nem pensar demais em distribuição ou ficar olhando pro papel ou a tela em branco por muito tempo. Acho que sou ansioso demais pra isso. Eu gosto de começar a desenhar sem muita idéia. Monto um "fantasma" de uma página na cabeça, talvez... bem gráfico…. É um exercício que eu faço constantemente e as idéias já começam a vir na mesma hora em que a mão já está riscando.

O que rola,  é que é tudo muito confuso na minha cabeça e tudo começa a ficar mais leve no momento em que começo a rabiscar. É tipo um carretel embolado e você vai soltando a linha, sabe?

Eu rabisco tudo primeiro depois resolvo roteiro. É sempre assim. No meu trampo, o roteiro é que segue o desenho. ( cara… sabe que eu NUNCA tinha pensado nisso antes dessa entrevista? ) uau!

Ah, fiquei meio de saco cheio de ficar preso demais numa história que nunca vinha. Pra mim não funcionava, e quando comecei a "entortar" um pouco mais a narrativa, o desenho apareceu e eu curti. Tornou-se um exercício, onde o próprio exercício tem sempre uma grande possibilidade de se tornar um objeto final, uma história pra ser lida.

Mas, cara… não ache que eu fico teorizando demais sobre isso não, tá? Só tentei colocar mais ou menos o que seja o meu processo de trabalho. Talvez eu leia tudo isso mais frente e me dê conta de que não era nada disso também. 
1. Acuerdate de lo que te dije Cerebrus, nada de morder las
personas en la calle! 2. Que perrito de tres cabezas mas lindo!
Dame la patita! 3. Excepto las tremendamente estupidas, claro!
Como surgiram os personagems da familia da casa 666?
Hmmm… A família da casa 666 é uma série curtíssima de tiras que fiz. Nem me lembro em que período foi criada. 

Acho que nasceu pra irritar alguém, não me lembro bem. Alguém deve ter me falado alguma bobagem sobre a bondade no coração dos homens e eu rebati com essa família, meio no formato "Simpsons". Uma família padrão desajustada. Talvez com um pouco mais de exagero, a mãe cortando os pulsos, o filho é anti cristo que vai pra escola. Não sei…

Talvez ela mereça maior atenção no futuro, mas por agora não tenho muitos planos pra eles.

Voce tem personagems fixos (Coelho e ... ) e otrous que van sendo usados pra chistes soltos, os fixis te sugerem como deven ser usados, continuan x ahi no subconciente mesmo voce nao os desenhe?
Sempre gostei de não ter personagens fixos. Talvez esses como o Juvêncio & Demerval e A família da casa 666, tenham surgido como algum tipo de exercício nesse sentido. De se criar algum vínculo com esse ou aquele personagem. Mas nunca foi nada imposto, no sentido de "Ah, eu preciso levar isso adiante para sempre". Não. Acho que surgiram como idéias pontuais mesmo, as vezes gosto de revisita-los, mas sem muita pretensão de torna-los fixos ou estrelas das tirinhas. 

Sempre preferi a liberdade de se navegar em temas, personagens diferentes. É gostoso pensar num bonequinho daqueles por dia, pensar como vai ser a cara, a expressão. Quer cor vou usar, o sotaque nos balões, a roupa.

Alem de fazer Tiras, como foi seu proyeito mas longe, no sentido de construir um roteiro, ou trabalhar no otro formato, acha que consigiuo o que queria? vai fazer mas proyeitos assim no futuro?
Acabei de lançar no Brasil o " AS CRÔNICAS BIZARRAS DO ABSURDYUM - livro primeiro", que é a minha primeira graphic novel. O resultado é bem diferente das tiras. A história é longa, existe o trabalho mais profundo na construção dos personagens e levei em conta várias considerações na hora de montar esse livro, que normalmente nem passam pela minha cabeça na hora de compor uma tira. Eu me apaixonei pelos protagonistas, senti raiva e desprezo por eles, durante toda o processo. Foi legal e  já estou trabalhando no segundo volume da história, e todos esses sentimentos vieram à tona novamente. Tem algo diferente em se levar uma história mais adiante, estender um pouco mais as situações, diferente daquele "PÁ E PUM" da tiras.

Outra coisa que tenho feito é liberado histórias para serem lidas on line no meu site pessoal. Se o cara entrar no www.galvaobertazzi.com , vai se ligar que todas as sextas feiras, uma HQ nova é colocada, tudo isso com todo apoio da Juarez & Donizete Editora que é a editora que está disponibilizando meu trabalho, de forma totalmente independente aqui no Brasil. Esse projeto chama-se HQ EXPRESS , é meio que aquilo que eu falei ali em cima… é um exercício que acaba se tornando algo bacana no final!

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